Artigo: O Integralismo que nos habita precisa ser sepultado….

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Por: Gustavo Girotto* e Raphael Anselmo**

Em 2018, na eleição entre Haddad X Bolsonaro, emergentes atacaram nordestinos nas redes, o motivo: o segundo turno do pleito. Em março de 2021, também em Taquaritinga, uma mulher impediu que a mãe fosse vacinada contra a Covid-19 por um técnico de enfermagem negro. Agora, em 2023, duas jovens ocupam o noticiário por ofensas racistas a um entregador. Em nome de combater indiferenças (seja por um mísero troco), defender a família tradicional ou elevar valores cristãos, alguns se valem de reacender as chamas da intolerância. É triste, é crime e precisa de um basta – e não de oportunistas da política, que defendem intolerantes, pegando carona no episódio. Por que esses que agora foram nas redes sociais, se calaram nos episódios anteriores? A resposta pode ser: sobrenomes!

Taquaritinga não gosta de tocar em feridas abertas do passado, até imaginando que esse tipo de modelo não cria monstros, mas se esquecem de excomungá-los. O resultado é que vira e mexe, eles voltam a nos assombrar. Observem.

No campo democrático sempre é possível dialogar com figuras da direita ou esquerda – fora disso, é extremista. Não há diálogo. E, os que se posicionam desse modo, não costumam apenas apresentar soluções simples para problemas complexos e profundos, no fundo eles não aceitam o contraditório.

É o levante dos extremistas inconformados em frente ao Tiro de Guerra (TG), negando o resultado das eleições. Mas o que isso tem a ver com o atual episódio? Tudo!

A lógica do bolsonarismo empoderou a estupidez. Aliás, como não lembrar do chefe do executivo, o ex-presidente da República que comparou um rapaz negro a gado de corte e disse que não servia nem para procriar? “Fui num quilombo. O afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas” [sic]. Ele foi além: “A minoria deve se calar e se curvar a maioria. Eu quero respeitar é a maioria” [sic]. Jair Bolsonaro estimulou a intolerância e fomentou o obscurantismo. 

Apesar de representarem cerca de 54% da população brasileira, os negros mortos em confrontos com a polícia carioca, por exemplo, somam 84%. Na média nacional, a polícia mata 2,8 vezes mais negros do que brancos.

Foram anos de lutas para ensinar uma geração que o comandante das Forças Armadas de Mussolini, Pietro Badoglio, quando esteve no Brasil e fez apenas duas visitas – uma em Ribeirão Preto e outra em Taquaritinga, jamais fora motivo de glórias.

O preconceito de raça – contra minorias -, está incrustrado na sociedade, e deve ser uma luta diária de todos contra a discriminação. Os jornais e rádios devem debater o tema. Os professores nas escolas também. Os pais, em suas casas, devem ensinar aos filhos a promover a igualdade de direitos desde a chamada primeira infância.

O Integralismo que nos habita, até por raízes históricas, precisa ser sepultado. Até porque, o conservadorismo é uma cortina de fumaça, repare: quando a névoa se dissipa, aparece a face clara da hipocrisia: é  o sujeito que peca depois da missa; o cheirador que chama maconheiro de drogado; a recalcada que trai o marido; o patriota que quer o cabide de emprego; o servidor que abre empresa fantasma; o prefeito que frauda licitação; o legislador que se vende para aprovar uma conta reprovada; a ex-socialitie que esbraveja contra corrupção para arrumar um cargo…e a lista é interminável, da mesma forma que racismo é crime inafiançável e imprescritível no Brasil…

*Gustavo Girotto é jornalista.

**Raphael Anselmo é economista.

***Os artigos publicados com assinatura não manifestam a opinião de O Defensor. A publicação corresponde ao propósito de estimular o debate dos problemas municipais, estaduais, nacionais e mundiais e de refletir as distintas tendências do pensamento contemporâneo.

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